A Globo continua procurando maneiras de equilibrar suas finanças. Dessa vez, a líder de audiência decidiu dar um ponto final no formato tradicional do Show da Virada e transformará a atração em uma espécie de versão turbinada do TVZ, programa de clipes musicais transmitidos pelo Multishow. 



Ao invés dos luxuosos shows com os artistas do momento, o público da emissora irá ter a companhia de músicas velhas e de apresentações produzidas para outras plataformas na noite de 31 de dezembro. Da ideia original, a única coisa mantida foi o nome do programa.

Será a primeira vez em 23 anos que a rede não transmitirá um show na virada do ano. Em 2020, mesmo com o caos sanitário no Brasil, a tradição não foi quebrada e o programa foi ao ar com o seu formato habitual, mas reapresentando a apresentação produzida para o ano anterior. Mesmo com a possibilidade de retomar as megalômanas apresentações que marcavam o final do ano, a Globo já avisou suas afiliadas que transformou a atração em um imenso compilado de reapresentações, com breves entradas ao vivo produzidas pelo departamento de Jornalismo.

“Nada melhor do que comemorar uma das mudanças de ciclo mais importantes de todos os tempos com uma playlist criada especialmente para o momento. É assim que nasce o Show da Virada 2022: uma reunião de clipes, show e atrações musicais em um só lugar. Será uma grande mistura de gêneros musicais favoritos dos brasileiros, com apresentações marcantes da história e artistas que todo mundo adora. O sertanejo encontra o samba. O funk e o pop se juntam. O forró, a MPB  e o rock têm seus espaços”, afirma a emissora.

Em uma tentativa de justificar o corte de gastos, a líder de audiência apelou até mesmo para uma explicação genérica sobre a conexão do país com a indústria musical. “O Brasil é o maior mercado de música na América Latina e um dos principais do mundo. Está na cultura: o brasileiro se relaciona naturalmente com qualquer conteúdo que envolve música. E a relevância do programa está nos grandes nomes na música reunidos em um único lugar, atraindo a audiência para tudo que estiver rolando na grade”, pontuou o departamento Comercial.

De fato, o formato era relevante justamente por promover a união de artistas em um único palco. A Globo, porém, aparenta ter se esquecido do advento das plataformas de streaming musical, que tem atraído cada vez mais assinantes no Brasil. Para reunir cantores e famosos em uma playlist de vídeos genéricos, o telespectador não precisa mais da boa vontade de emissora. Ele precisa só de uma boa conexão de internet — a maioria dos serviços musicais on demand, assim como o canal, tem opções de planos gratuitos para o consumidor final.